Prefeituras de 16 estados paralisaram suas atividades na data de ontem,
30/08/2023, em protesto pela redução dos repasses federais do Fundo de
Participação dos Municípios, o famigerado FPM.
Não é segredo para ninguém que mais de 80% dos municípios brasileiros dependem
deste recurso para sobreviver e manter os serviços públicos em dia e exatamente
por esse motivo, a Confederação Nacional dos Municípios lançou a campanha Sem
FPM não dá.
O Governo Lula alega que os repasses sofreram diminuição por conta da queda na
arrecadação dos tributos que compõem o FPM (IPI - Imposto sobre produtos
industrializados; IR/IRPJ - Imposto de renda de pessoa física e jurídica.).
Alguns jornalistas se apressaram em culpar o governo anterior por conta do
censo, uma vez que a redução do número de habitantes também é critério para
reduzir o repasse. Outros, por sua vez, se preocuparam em mandar fazer o L e
aguentar o caos econômico por onde Lula está nos fazendo navegar, já que se
houve queda na arrecadação, é um reflexo direto da retração na economia.
Acontece que essa situação é muito maior que um terceiro turno das eleições de
2022 entre Faz Arminha e Faz o L. A pergunta que todos deveriam estar fazendo
é: como é possível que mais de 4 mil municípios dependam exclusivamente dos
recursos do FPM?
Os gestores municipais pleiteiam, dentre outras coisas, a recomposição dos
repasses, o aumento do FPM, as emendas dos congressistas cujo pagamento está
atrasado, diminuição da alíquota patronal do INSS, dentre outras demandas.
E verdade seja dita, o Congresso, o Governo e o Judiciário estão constantemente
criando novas despesas para os municípios, sem apontar de onde virá a receita,
como no caso do piso nacional da enfermagem, o novo critério de atualização do
salário mínimo e a obrigatoriedade da oferta de vagas em creches que pode gerar
um impacto de mais de R$ 100 bilhões de reais.
Só que em nenhum lugar desse manifesto você vê prefeitos discutindo como vão
fazer seus municípios gerar renda, como vão organizar a casa. Estão sempre
pedindo mais recursos, mais dinheiro, mais vantagens, mas o básico eles se
recusam a fazer. E eu acredito que é uma excelente oportunidade, embora
disfarçada de adversidade, para que a CNM passe a discutir como os municípios
podem depender menos do FPM.
Afinal de contas, é um fundo que depende exclusivamente da arrecadação de dois
tributos federais, e embora tenha sido aprovada uma lei que amortece os
impactos da queda dos repasses para que não ocorram de forma brusca, os
prefeitos devem buscar alternativas para não se tornarem reféns eternos da
síndrome do pires na mão.